Ela acredita em disco voador, já fez show cantando Xuxa e tem uma das vozes mais lindas do cenário atual. Ana Cláudia Lomelino Gonçalves, mais conhecida como Mãeana (39 anos), iniciou sua trajetória como vocalista da maravilhosa banda Tono, lançou seu disco de estreia Mãeana, em 2015, com composições inéditas de Caetano Veloso e Adriana Calcanhotto, em 2021 lançou o Mãeana 2, mas foi com o seu mais recente projeto, Mãeana canta JG (2024), que a artista se tornou, verdadeiramente, popular.

Do churrasco de domingo às rádios, passando por playlists de academia, trilhas para cantar alto durante a faxina ou apertar o play e dançar coladinho: Mãeana canta JG** é a trilha sonora perfeita para todos os momentos!**

Tudo começou com as apresentações na Casa da Mãe, um espaço alternativo no Rio Vermelho, em Salvador, onde Mãeana canta, ao lado de Bem Gil, os dois Joãos: João Gomes e João Gilberto. Foi retirando a influência do jazz da bossa nova e aproximando-o do bolero, ao mesmo tempo em que deu um novo toque à batida do piseiro, afastando-a das programações eletrônicas para aproximá-la do som natural da vassourinha e da pele do tambor que nasceu o que a cantora chama de pisa nova. 

São 70 anos que separam os dois Joãos, mas eles têm raízes bem próximas. O da Bossa Nova, nasceu em Juazeiro, Bahia, enquanto o da Pisadinha em Serrita (e passou sua infância em Petrolina), Pernambuco. Enquanto um cantava baixo, o outro surpreende com o seu vozeirão, um trouxe a sofisticação e o minimalismo, e o outro é marcado pela energia e a batida acelerada.

Foi unindo dois universos aparentemente distantes, que Mãeana viu sua audiência no Spotify crescer exorbitantemente, saltando de 40 mil para mais de 800 mil ouvintes mensais, além de lotar todas as apresentações por onde passa e ser presença confirmada em vários festivais de música.

Ao juntar o clássico e o popular, o sofisticado e o cotidiano, a cantora prova que a música brasileira é um campo fértil para experimentação e expressão autêntica. A pisa nova tem atraído um público diversificado e expandido as fronteiras, mostrando que as diferenças culturais e temporais podem, de fato, coexistir, se complementar e fazer toda a gente cantar e dançar juntinho.