Embora o nome de Môa possa ser desconhecido para muitos, sua influência é sentida em cada gingado da capoeira, no pulsar dos blocos afro durante o Carnaval de Salvador, e na força do afoxé, que conecta corpos à espiritualidade e à ancestralidade. Em Salvador, sua presença ainda ecoa como a de um ancestral encantado, que guia e inspira. Môa também dedicou sua vida a um trabalho social transformador, promovendo a autoestima de jovens negros periféricos e ressignificando suas identidades.
Educador, compositor, percussionista, mestre de capoeira angola, do afoxé e da dança afro-brasileira, Mestre Môa do Katendê deixou um legado imensurável em seus 63 anos de vida. Ele personificou a cultura afro-brasileira e dedicou sua trajetória a fortalecer as raízes de sua comunidade, criando pontes entre tradição e inovação cultural.
O documentário Môa – Raiz Afro Mãe (2022), escrito e dirigido por Gustavo McNair, é um tributo à sua grandeza. Iniciado em 2018, ano de sua trágica morte em um episódio de violência política, o filme revisita o bairro Engenho Velho de Brotas, onde Mestre Môa nasceu e criou o bloco de afoxé Badauê ao lado de Jorjão Bafafé. Popularizado pela música de Caetano Veloso, Misteriosamente, o Badauê resgatou o candomblé de rua e deixou sua marca entre 1979 e 1992.
Além do Badauê, Môa foi compositor de canções memoráveis para o Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil, que celebrou seus 50 anos em 2024. Sua arte simbolizava a reafricanização da Bahia, num momento em que o funk norte-americano e o black power também influenciavam a juventude negra. Como relata o performer Negrizu, o "moço lindo do Badauê" de Beleza Pura (Caetano Veloso, 1979), foi nos afoxés e blocos afro que a Bahia reencontrou suas raízes, transformando-se culturalmente.
A história de Mestre Môa transcende sua música e dança. Ela reflete a resistência e a força de um povo que luta por dignidade, conexão espiritual e afirmação de sua identidade. Suas batidas, memórias e ensinamentos seguem vivos, inspirando novas gerações a valorizar suas raízes e construir futuros mais justos e vibrantes.
Você pode assistir ao documentário e ler a entrevista completa aqui:
foto: Trecho do documentário Môa. Créditos: Kana Filmes
Fonte: https://alabadaue.com/moa-do-katende-o-intelectual-popular/
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